Nem sempre uma captura dá certo, o gato não aparece ou o gato aparece e não entra na gatoeira ou ainda o gato aparece, entra, mas consegue escapar! Isso é muito frustrante! Não só pelo tempo gasto, mas principalmente por saber que o gata ou a gato pode engravidar ou procriar. E evitar o nascimento de gatinhos sem dono é a nossa missão.
Uma boa captura depende de duas coisas essenciais: interromper a alimentação no dia da captura e evitar ao máximo que o gato nos veja no momento da captura. Gatos são muito espertos, eles sabem que a nossa presença ali no local deles significa algo diferente. Pelo menos os gatos adultos, pois os filhotes são muito curiosos e até certo ponto inocentes e são os primeiros a investigar aquela comidinha diferente dentro da gatoeira. Mas geralmente não são eles que nós queremos, e sim suas mamães e papais. E ai a espera pode ser longa ou mesmo infrutífera.
Uma captura perfeita é muito raro! Mas acontece.
Blumenau, centro da cidade, dia 24 de março de 2015. Fomos preparadas para mais uma captura. A anterior havia sido em vão, a mamãe gata não cooperou e acabamos voltando de gatoeira vazia.
O ânimo não estava dos melhores, mas mesmo assim foram passadas as mesmas recomendações para a protetora.
Vimos um bom sinal assim que chegamos ao local: um bilhete pedindo para as alimentadoras não colocarem comida neste dia! E realmente não havia comida lá.
Outro bom sinal: um gato cinza se aproximou de nós, se deixou acariciar e até brincou conosco. A protetora explicou que ele era manso, poderíamos pegar ele com a mão e colocar na caixinha de transporte. Fácil assim. Um gato muito querido e com certeza não era um gato feral. Esse gatinho teve um lar, era acostumado com pessoas. Porque estava na rua? Fugiu, foi abandonado? Nunca saberemos.
O passo seguinte foi tentar a captura do gato mais arisco, um tigrado. Em pouco tempo ele apareceu, atraído pelo cheiro e barulho da ração.
A gatoeria foi colocada de um jeito que ficava perto dele e ao mesmo tempo permitia que ficássemos fora da visão dele. Mas havia a preocupação de que ele novamente não entrasse (essa era a segunda tentativa de captura). Um pouco de sachê na gatoeira e começou a espera...
Algumas pessoas passaram pelo local, uma mulher com sua filha, perguntou receosa se levaríamos os gatos embora. Explicamos a ela o que estávamos fazendo, e ela comentou que havia dado um nome ao gato cinza (Socks, pois as patinhas são branquinhas nas extremidades, parecendo meias).
Apenas pensei comigo mesma "mamãe, sua linda, você está dando um exemplo maravilhoso pra sua filhinha, não são apenas palavras que educam, mas principalmente nossas ações, nossos exemplos").
Fui apresentada a outra alimentadora da colônia que passava por ali, e cheguei a conclusão que existe uma grande rede invisível de pessoas do bem que se preocupam, doam um pouco de seu tempo e dinheiro para a causa animal. O que seria deles sem essa grande rede?
Nesse meio tempo, o melhor aconteceu: o tigrado desceu até a calçada onde estava a gatoeira, atraído pelo cheiro da comida, andou ao seu redor, farejou, entrou e zaaaaapp, gatoeira fechada!
Dois gatos encaminhados para a veterinária!
Mas o melhor da captura ainda não havia acontecido. O melhor da história ficou para o final.
A protetora da colônia procurou e encontrou uma nova mamãe para o gato cinza. O Socks recebeu até um novo nome! A adotante achou engraçado a pontinha da orelha esquerda cortada (prática comum para marcar o gato esterilizado) e batizou ele de Van Gogh. Talvez com o tempo ele seja chamado apenas de Vincent!
E mais, o gato tigrado ficou com a sua protetora que já havia adotado um gato preto e machucado da mesma colônia, portanto, o tigrado e o preto já se conheciam e agora estão morando juntinhos numa casa amorosa e protegidos de todo o mal que estão sujeitos na rua! Que lindo gesto.
Essa captura foi a mais recompensadora de todas, pelo final feliz dos dois meninos capturados e adotados!
Quiçá todas pudessem ter um final feliz!
Fiquei super emocionada ao saber que o Socks, agora Van Gogh e o tigradinho Tetê agora tem um lar!! Eu e minha filha sentimos falta deles, mas é maravilhoso saber que estão sendo bem cuidados! Agora quando passamos lá, ao invés de chamarmos pra dar comidinha, minha filha fala: "agora os tetês (bebês) tem uma casinha, né mamãe?" Parabéns a todos que ajudaram a cuidar desses amadinhos, e aos que adotaram com responsabilidade!
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