domingo, 19 de agosto de 2012

A importância da castração precoce

Hoje quero escrever um pouco sobre o por quê de se castrar os animais - filhotes ou adultos; para adoção ou não. Algumas partes do texto retirei dos Felinos Urbanos (onde estão as aspas), o restante foi baseado no texto da Otávia, mas fiz minhas adaptações.

Um grande abraço a todos, obrigada por lerem e compartilharem o blog. 

Maria Cecília Quideroli


Por que podemos e devemos castrar filhotes, principalmente aqueles que irão seguir para adoção?
Porque eles serão os números do abandono de amanhã. 

A partir dos 4 meses de idade uma fêmea já pode entrar no cio precocemente. Durante o cio elas gritam sem parar, não dormem e não comem adequadamente. E também não deixam dormir quem mora por perto. 

A gestação felina dura 60 dias e resulta numa média de seis filhotes. 30 dias após o parto, a mamãe já entra no cio novamente e o ciclo recomeça. Até seu primeiro ano de idade, ela poderá ter até 30 filhotes. Todo mundo já sabe - ou deveria saber - que não há lar disponível para todos e, sem a castração, esse número será multiplicado muito rapidamente. Imagine que num parto uma mamãe gatinha tenha seis filhotes, dos quais quatro sejam filhinhas gatinhas: em um ano, as filhinhas seguem o caminho da mamãe e os 30 filhotes possíveis se transformam, rapidamente, em 120 fofuras abandonadinhas, passando fome, frio, sofrendo maus-tratos e correndo riscos pelas ruas. Isso sem contar os filhotes que os filhinhos gatinhos farão em outras gatinhas que aparecerão em suas vidas. 

Além disso, gatas não castradas podem contrair doenças incuráveis e sérias, como Peritonite Infecciosa Felina, AIDS felina e Leucemia felina, que também são transmitidas a seus filhotes. De acordo com a Sociedade Americana de Veterinária, 80% das fêmeas não castradas irão apresentar um episódio de tumores de mama, útero ou ovários e piometra (infecção no útero) até o final de suas vidas. 

Se essa gata não castrada viver na rua e apresentar uma das enfermidades, imagine o sofrimento, as dores que vai passar, pois não terá quem a socorra. Além disso, os filhotes da gata de rua, que são filhotes de rua, terão as chances de vida longa drasticamente reduzidas por estarem ali sem um lar para chamar de seu. Tentar capturar para doação não é a solução, pois tanto os adultos quanto os filhotes que vivem em colônias, não gostam de humanos e fugirão da casa na primeira oportunidade. Ou viverão estressados e entocados num local que não reconhecem como lar. Claro que há filhotes mansos e esses podem, eventualmente ser capturados para doação. Porém, doar um filhote não-castrado é fazer uma roleta russa com a vida daquele animal. 

Pouquíssimos são os donos que se preocupam em fazer a castração na idade certa. A maioria acaba deixando por isso mesmo e o animal segue sem a esterilização. E isso é claramente provado pelo número de animais doados e que tiveram filhotes ou fugiram sob responsabilidade do adotante, antes da "idade ideal" para serem esterilizados. Mesmo os protetores responsáveis podem se ver vítimas de um cio precoce e ao invés de castrar uma gatinha de 5 meses de idade, irão se preparar para receber a ninhada dela. E começa tudo de novo, num ciclo sem fim.

Infelizmente o doador/protetor não tem como obrigar o adotante a realizar a castração do animal adotado, caso ele se recuse a fazê-lo. Protetores que ouçam que o adotante quer "tirar uma cria" do animal, não devem efetuar a doação, e, se possível, esclarecer ao adotante os reais motivos para se preocupar com isso. A situação piora quando é um animal "de raça" que certamente será utilizado na criação de fundo de quintal. 

"De acordo com a SPCA Americana, 60-80% dos adotantes NÃO CUMPRE o combinado de esterilizar o animal doado. Nas SPCAs e Humane Societies de todo o mundo, TODO e QUALQUER animal é castrado antes da doação, justamente querendo evitar que todo o processo de resgate e cuidados seja em vão, quando este cão ou gato irá perpetuar o abandono.

Um dos principais argumentos para não-castração de filhotes são problemas urinários relacionados à castração precoce, mas vários veterinários já lançaram artigos sobre o não-relacionamento destas doenças ( incontinencia, cálculos na uretra, etc ) somente à castração. Um gato alimentado com ração de má qualidade, não-castrado, também pode ser vítima da sindrome urológica felina, assim como gatos com mais de 7 anos de idade alimentados exclusivamente com ração seca."

Por isso existe a castração pediátrica. Trata-se de uma técnica utilizada há mais de 25 anos por veterinários de países desenvolvidos. Cães e gatos podem e DEVEM ser castrados aos 2 meses de idade. Inclusive, filhotes se recuperam melhor e mais rapidamente dos efeitos da cirurgia.

A castração pediátrica é uma importante ferramente contra o abandono. Filhotes doados já castrados não se perpetuarão e não causarão mais abandonos nas ruas.

Castração dos animais - inclusive os de estimação que têm tutores - é um ato de responsabilidade e amor. A castração pediátrica é a maneira mais segura contra o abandono.

"Abaixo, as palavras da Dra. Patrícia Arrais Rodrigues da Silva (http://www.gatoverde.com.br/02_00.asp?menu_cod=18&menu_cod_pai=0 ) sobre a castração precoce:"

"Relativamente muito pouco se sabe com relação aos efeitos dos hormônios sexuais sobre o sistema urinário em cães e gatos.

Porém, sabe-se que os problemas antigamente atribuídos à castração, como aumento da predisposição à obstrução uretral em gatos, ou a incontinência urinária em cadelas, ainda merecem maiores esclarecimentos.

A incidência de obstrução uretral em gatos é a mesma em gatos castrados ou não, embora os mecanismos dessa patologia ainda não tenham sido esclarecidos.

Com relação à incontinência urinária em cadelas, ela pode ocorrer de semanas a anos após a cirurgia de castração, assim como em cadelas inteiras. Vários problemas anatômicos e fisiológicos estão associados ao problema, e não se tem ainda uma causa definida. Se há influência hormonal, não há evidências que sugiram que a castração precoce irá potencializar o problema. "

Se observamos o trabalho de grandes ONGs brasileiras que se ocupam dos felinos, todas elas somente efetuam doação de animais castrados ( Adote um Gatinho, ResGatinhos, entre outras ). Se a castração pediátrica fosse maléfica para os animais, essas pessoas não financiariam a técnica, concorda? Em se tratando de pessoas idôneas que se dedicam aos animais, podemos tomá-las como exemplo de responsabilidade para com os mesmos e a sociedade em geral. 

"Canis e gatis responsáveis também somente viabilizam seus filhotes castrados, para proteger a procedencia da linhagem e evitar que caiam nas mãos de aproveitadores. Estamos falando aqui de animais em faixa dos 2 a 5 mil reais. Por que colocar em risco animais tão valiosos?"

"Abaixo, palavras do Dr.Dr. Edgard Morales Brito, falando da castração precoce e seus benefícios para uma raça e para animais de companhia em geral":

-Em 70% dos casos em que um cão de raça pura do sexo fêminino é vendida para uma pessoa que tenha outras raças para convívio, ocorrem acasalamentos indesejáveis, gerando assim mestiços.
- Evitar que proprietários inexperientes ou sem orientação técnica, façam acasalamentos ao acaso, sem considerar o que é melhor para o desenvolvimento da raça, gerando filhotes no mercado, que fatalmente são comercializados por preços abaixo do justo para a raça, alterando assim o mercado para esta determinada raça, desvalorizando o produto.

- Antes do primeiro cio, onde ainda não há a maturação dos orgãos sexuais femininos, a disfunção hormonal pós castração é praticamente inexistente, evitando assim os efeitos colaterais da castração como obesidade, letargia, etc.
- Evita a Piometra que é uma patologia ligada à uma disfunção hormonal, podendo ocorrer antes mesmo do primeiro cio.
- Evita a Pseudo-ciese (gestação psicológica), que com o passar dos anos acaba sendo um grande indutor de tumor de mamas
- Evita o desconforto na casa dos proprietários que tem machos e fêmeas no mesmo ambiente, que na época de cio ocorre inapetência, choro e mudança comportamental nos animais, incluindo agressividade entre eles.
- Aumenta a longevidade (os cães vivem mais tempo) no caso dos animais castrados."

Um(a) gato(a) castrado(a) e sem acesso às ruas pode viver até os 20 anos com qualidade de vida. Se você tem um animal não castrado em casa, está na hora de marcar a castração com seu veterinário de confiança. Faça sua parte, pois o abandono de animais é problema de todos nós. Não é necessário muito para se capturar, esterilizar e devolver um animal ao seu local de rua. 

Tenho certeza de que você não quer ser responsável por uma cena semelhante a esta. Castre seu animal de estimação. Capture, castre e devolva ao local, um animal de rua.

"Para finalizar, deixo as palavras do Dr. Dick Rosebrock, que faz parte do PROGRAMA DE ESTERILIZAÇÃO PRECOCE dos E.U.A, que desde 1984 realiza castração precoce de animais em abrigos e de particulares.

"As pesquisas disponíveis sobre os efeitos físicos e comportamentais de curto e de longo prazo da castração pré-pubescente em cães e gatos demonstram a ausência de qualquer resultado adverso. Com base nestas informações, a American Humane Association (Associação Humanitária Americana) apóia esta prática como uma solução viável para a diminuição da superpopulação de animais de estimação e da tragédia decorrente da morte de muitos deles. A prática da esterilização precoce também é endossada pela American Veterinary Medical Association (Associação Veterinária Americana), pela American Animal Hospital Association (Associação de Clínicas Veterinárias Americana) e pela California Veterinary Medical Association (Associação Veterinária da Califórnia).

Pessoalmente, eu endosso este programa entusiasticamente. Tenho participado ativamente do Programa de Castração Precoce e o realizei em aproximadamente mil animais. Não constatamos nenhum resultado negativo. Muito pelo contrário: os seus donos geralmente consideram estes animais como os melhores que já tiveram!"

5 comentários:

  1. Oi, legal o post. Mas a de ressaltar que tem gente que adota, ama e cuida do bichinho até sua velhice... uma castração mal feita, pensando apenas evitar problemas num futuro próximo, 2 ou 3 anos, pode gerar muito sofrimento pra quem gosta do bichinho... um gato mais velho que apresenta SUF por conta da castração muito precoce gera gastos e sofrimento pra família que o acolheu... uma cadela que depois de 2 anos da castração apresenta uma infecção no local da cirurgia (barriga), a ponto de abrir um buraco, medicar e no final ter que pagar outro vet pra tirar o fio de NYLON que ficou na cirurgia de castração? Essas coisas é que não dá pra admitir, acredito e pratico o procedimento com todos os animais que passam pela minha vida, mas dizer que não me preocupo com o futuro deles, se meu gato castrado aos 5 meses não vai desenvolver problemas urinários, se a cadelinha da minha mãe (também adotada de uma ONG) não vai ter que ser cortada de novo pra tirar um fio de nylon que ficou da castração.... Gente, é só um alerta, isso é perigoso principalmente pros animais que serão soltos novamente na rua, porque não terão quem olhe por eles caso um problema desses aconteça... Espero só que não fique brava comigo, porque relato casos reais e que geraram muito sofrimento, além de gastos pra pessoas e animais envolvidos... porém acredito que esse trabalho de conscientização deve continuar sim, mas sempre com responsabilidade, pensando não só na quantidade mas também na qualidade dessas castrações, ok!? Grata pelo espaço!

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    1. Olá. Meus gatos foram todos castrados aos três meses. Os dois mais velhos têm sete anos, a outra, tem três e meio. Até hoje ninguém teve nenhum tipo de problema. Dentre os da Operação Gato de Rua que foram castrados ainda filhotes, também não houve incidência de nenhum tipo de problema - e, a maioria, está com um ano atualmente, sem crias, sem perpetuar o abandono. Continuo fazendo quando necessário, porque, no meu entender, a vacina está totalmente fora de questão, uma vez que dá câncer e, também, porque só quem lida todos os dias com o abandono ( nosso caso ) vendo e tentando ajudar os animais que são obrigados a viver nas ruas por consequência da irresponsabilidade humana, sabe e convive com o tamanho do problema. Claro que, se o animal é seu, você pode esperar até os seis meses, pode vacinar todas as doses, sem pressa. Mas, em se tratando de doação, não faço sem a castração, porque ninguém garante que o adotante vá fazer depois e aí, vai sobrar pra nós, protetores , sair principalmente em outubro e novembro correndo atrás de lares para milhões de gatinhas mansas prenhas e com filhotes, porque elas entraram e continuarão entrando no cio e os queridos adotantes, por diversos motivos, inclusive fúteis, não providenciaram a castração. E aí, como eles queriam uma gata e não seis, jogam fora, na rua, pra ficarem à própria sorte. Se castração precoce fosse prejudicial, não seria feita em massa, há tanto tempo, nos países civilizados. Por minha convicção, então: não existe, de minha parte, doação de animal inteiro. Quanto aos de rua, deixo crescer sempre que possível, mas, se entram na gatoeira de curiosidade, vão pra mesa também e já garantimos que dali não sai mais tragédia. Agora, se o veterinário não tem responsabilidade nem habilidade e deixa fio de nylon no animal, aí o problema já é outro, não a castração em si. É falta de competência, mesmo. Não temos este problema no nosso projeto, nosso veterinário é excelente, cirurgião conceituadíssimo e, em 175 castrações, o número de problemas com gatos devolvidos/pontos foi absolutamente ZERO. Talvez seja a hora de você rever seus conceitos e procurar outros profissionais. Se for de Blumenau, te passo o número do telefone. Um abraço.

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    2. Hj deixei um filhote de mais ou menos 3 meses para castrar. Meu coração ficou na mão mas depois deste texto fiquei melhor. Se Deus quiser vai dar tudo certo!

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  2. muito interesante...so que fica sempre a duvida ne,se nao castrar aplica vacina que causa cancer e castraçao precoce pode vir prejudicar futuramente....muito confudo isso!

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    1. Oi. Dê uma olhada na resposta ao post anterior. Ela está muito mal informada. Um abraço e obrigada pela visita.

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