terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Impotência X primavera

Eu adoro a primavera com seus sabiás cantantes e ipês amarelos floridos. Amo, de paixão.

Mas tem uma coisa que eu detesto nesta época do ano: o excesso de filhotes de gatinhos por aí, abandonados pelos humanos cruéis, ou simplesmente nascidos nos matos, frutos da irresponsabilidade dos mesmos humanos cruéis. Muito difícil.

Não posso dizer quantos chamados e pedidos de socorro recebi nos últimos dias. Para dois, para seis, para quatro filhotes. Fora o amarelo que apareceu no meu quarteirão, que eu não consegui pegar. Estou torcendo para que ele seja o que a vizinha resgatou. Fora os das quatro gatinhas de colônia que acabaram nascendo por conta da minha falta de tempo ou simplesmente pela impossibilidade de captura, no caso da Filha Dela.

Fui entregar a ração do GatoMia pra Marli, a alimentadora de 30 gatos de rua e ela, com um olhar triste, me contou que derrubaram a casa abandonada onde três gatinhas que castramos se acomodavam. Elas, indo parara no forro de uma casa da redondeza, agora ameaçadas de morte, por uma senhora que não gosta de suas presenças. Mesmo não incomodando ninguém - moram num mato imenso, imagino que só se abriguem à noite e em dias de chuva. E dor da Marli, por não ter condição financeira nenhuma de fazer alguma coisa pelas gatinhas.

Também me falou da outra gata, uma das que tiveram bebês, que está só "couro e osso", com seus cinco filhotes, ariscos e magricelas também. E sofreu, por não poder ajudar mais uma. Não mais do que ajuda com a alimentação e água fresquinha, todo dia, sob chuva ou sob sol.

No domingo, um pedido de resgate para dois filhotes mansos, perto de uma casa com cinco cães agressivos. 

Aí vim fazer um treinamento aqui em Campinas, onde estou no momento. Saio pra dar uma caminhada e o que eu vejo? Um gato manso, mas sujo e molambento, perto de uma lixeira. Não fugiu de mim, ficou me olhando. E meu coração cortou e doeu, porque estou a pé, fora de casa, não tinha dinheiro pra comprar uma ração e não pude fazer nada por ele. Continuando a caminhada ainda me deparei com:

uma casa telada e três gatos na garagem - mas as telas tinham buracos enormes
uma casa sem tela com um gato fofo na garagem - e total acesso à rua
uma casa com um bulldog inglês macho bagudo e uma boxer fêmea, assim com sete filhotes misturados, fofos e deliciosos. Nove cães ao todo. Filhotes grandes, todos inteiros, os nove.
um gato de rua, esbelto e ágil, andando pelo telhado.
um gato sialata, bem tratado, tentando jantar uma pomba.

Volto pro hotel e recebo um apelo de resgate para gatinhos perto de uma rua movimentada de Blumenau. Apelo urgente. E eu longe. E os LTs todos lotados de gatinhos socorridos, ninhadas abandonadas inteiras. 

O gato da lixeira me cortou o coração. O olhar dele, resignado. E eu não pude fazer nada.

Quando será que vou começar a ver os resultados das minhas castrações? Quando as pessoas vão castrar seus animais pra que não se reproduzam e elas não precisem abandonar filhotes indesejáveis? Quando as pessoas vão se conscientizar de que têm que prender seus gatos para que eles não se percam por aí e não terminem tendo que procurar comida na lixeira e não sejam os responsáveis pelo nascimento de outros tantos gatinhos de rua que precisam procurar comida na lixeira? 
E como elas dizem que amam seus animais? Porque quem ama, cuida. Tranca em casa. Castra.

Estou precisando ganhar na Mega-Sena com urgência pra comprar um locar gigantesco, escondido e ajudar a esses pequenos que podem ser ajudados. Acabar com o sofrimento dos que, sendo mansos, têm chance de ganhar um lar. Cansei de não poder ajudar a todos. A tal da impotência dói. Ter que seguir em frente e deixar o bicho ali na necessidade, me faz querer fugir pra marte. Porque não dá pra resgatar todos, são muitos e os recursos, escassos.E juízo na cabeça dos homens, nenhum.

Por isso faço C.E.D. - porque não dá pra tirar todo mundo das ruas, então trabalhamos para que não nasçam mais tantos nas ruas.  Mesmo muito feliz com o resultado do GatoMia  (faço um post em breve), vejo que temos, ainda, muito trabalho pela frente. Só espero estar viva pra ver a melhora real.

Fico cansada só de pensar que, enquanto o ser humano continuar agindo como se o problema não fosse dele, vou ficar dando murro em ponta de faca.

Então o jeito é ir dormir e retomar minhas capturas quando voltar pra casa. Não sei nem dizer também quantos são os chamados para fêmeas recém paridas, que desesperam os alimentadores pelo volume de gatos que se multiplica rapidamente.

Quem sabe ainda vejo um setembro/outubro/novembro sem superpopulação de gatinhos?! 

Me deixa sonhar, porque é época de acreditar em papai noel.

HO HO HO.

Maria Cecília


terça-feira, 1 de outubro de 2013

I GatoMia de Blumenau - A hora e a vez dos gatinhos

Gatos são seres maravilhosos, mas disso você já sabe. Porém, ao mesmo tempo que têm amantes eternos, têm seus inimigos figadais, gente que não sabe o que está perdendo.

Então, pra tentar acabar com o preconceito, apresentar esses fofíssimos a quem não os conhece direito e bater papo bom com quem já ama, quebrar tabus e encher o coração de ternura, resolvemos fazer um evento educativo e interativo cujo tema são nossos bigodudos de passos mansos e olhar penetrante.

Vamos nos reunir no dia 30 de novembro de 2013 no auditório da Secretaria Municipal de Saúde, na rua Alwin Schrader, 92 - Centro, em Blumenau. Chegaremos às 8h30 para fazer cadastramento e dar um abraço em quer vier conversar conosco, depois teremos cinco palestras com temas variados ( o gato, comportamento do gato, adoção/doação e tutela responsável, castração e CED). À tarde haverá o lançamento do meu segundo livro, continuação da história do Romeu - Vai uma Cachacinha? - é o nome da vez. A previsão de término é 15h.

Os livros, tanto o Resgatos - Histórias de um gato maloqueiro, quanto o Resgatos - Vai uma Cachacinha? estarão à venda por R$ 30,00. A renda será revertida às nossas castrações de gatos de rua e para pagar eventuais custos com o evento.

Vamos oferecer lanchinho, porque saco vazio não para em pé.

Esperamos você, seus amigos, quem ama muito e quem não gosta tanto assim, pra abrir o coração e se deixar apaixonar por criaturas ágeis e impressionantes. Quem tem gato, não tem estresse, pois são umas figuras. Quem tem gato tem coração derretido e cheio de ternura, porque é isso que eles nos provocam. Mas disso você já sabe.

Faça sua inscrição pelo e-mail: gatoderuablumenau@gmail.com, enviando seu  nome completo. No dia, traga a taxa de inscrição que é 1 Kg de ração para gatos. As vagas são limitadas.

Te esperamos lá!

Um abraço,

Maria Cecília /Taciane / Vanessa / Juliana
Com apoio da ADAB e da Diretoria do Bem Estar Animal



quarta-feira, 17 de julho de 2013

A difícil vida nas ruas

Ontem fomos buscar as gatinhas da Operação Gato de Rua que estavam prontas para ir para casa após a castração. Quando chegamos, um veterinário estava fazendo um procedimento de desobstrução de bexiga num gatinho. Não gosto muito da mesa de cirurgia, nem de ver animal sedado, mas, como era um gatinho, cheguei mais perto. Meu marido Fábio perguntou o que causava aquilo e a resposta foi: ¨o cara dá ração de baixa qualidade e o bicho que paga o pato. Hoje ele comprou renal, mas agora o estrago já está feito¨. 
Essa informação me provocou um choque de realidade. Já sabia disso, sei dos danos que a ração seca provoca na saúde dos animais, mas, quando ele falou, pensei, imediatamente nos gatinhos que castrei ou estou castrando, moradores de rua, alimentados por pessoas de baixa renda e altíssimo grau de amor ao próximo. E meu coração doeu de medo por eles.

Das últimas vezes que retornei às primeiras colônias revi a população felina que estava lá. Todos gordos, sem exceção. Alguns MUITO gordos. E não adianta falar para as alimentadoras que isso não é saudável, que é comida demais, porque elas têm pena, acha que vão morrer de fome de um dia para o outro.

Mas eu entendo o sentimento delas. A vida dos gatinhos de rua já é bem difícil ganhando comidinha razoável todos os dias em horário certo. Porque não é só a alimentação, é abrigo, frio, chuva, água. E aí fiquei pensando na ração que eles comem, que não é tipo PREMIUM e, sim, muitas vezes, bem baratinha, porque as alimentadoras não podem comprar uma melhorzinha. E fiquei imaginando que, se algum gatinho tiver obstrução urinária ou qualquer outro problema típico de gatinhos, ninguém vai ver, nem ficar sabendo, nem vai poder socorrer, o animal vai sofrer, sentir dor, ficar desamparado e sabe Deus lá quanto tempo ficar assim até morrer. E,com esses pensamentos, não consegui dormir.

Dias atrás tivemos nosso primeiro óbito na clínica. Um gatinho jovem, com menos de um ano, que morreu ao receber a medicação de relaxamento ANTES da anestesia. Morreu assim, sem mais nem menos. Claro que todo mundo ficou arrasado e a veterinária responsável, para saber o que tinha acontecido, fez necrópsia. Pra resumir, ele tinha o coração e os pulmões deformados, em tamanho menor do que o necessário. Estava sobrevivendo do jeitinho dele, escondidinho no mato e comendo, mas quando foi relaxado, o pulmão - que o mantinha vivo trabalhando em hora extra - sobrecarregou o coração, minúsculo, que não conseguiu oxigenar o bebê. A morte dele poderia ter sido evitada se nós soubéssemos disso antes. Mas não soubemos, porque o cara era arisco e bem brabo, apesar da carinha fofa de Charlie Chaplin. O único consolo é que ele morreu dormindo, sem sofrimento.

E assim são todos eles, moradores dos matos, ruas, becos e construções de centros urbanos. 

Quando penso nisso e em todas as pessoas que colaboram para que esses animais estejam nas ruas, tão vulneráveis, tenho um sentimento de impotência muito grande. Porque mesmo já tenho castrado 106 gatinhos, a maioria de rua e sem dono, a luta com quem joga contra é muito difícil: quem deixa gato não castrado sair e procriar por aí; quem deixa gato sair simplesmente, mesmo castrado - correndo o risco de se perder e ficar perambulando pelas ruas para sempre; quem deixa a gatinha cruzar porque tem preguiça de castrar ou porque acha bonitinhos os filhotes e aí, para horror de quem lida com animais de rua, doa os filhotes TODOS sem castrar antes - e aqui não quero nem pensar nas ONGs que doam bebês não castrados, porque sim, elas existem, para desespero da minha gastrite. Isso é o que faz o abandono persistir ainda por tanto tempo. E, se você faz uma dessas coisas, não reclame. É sua culpa também.

Filhote de gato é muito fofo. Mas é fofo quando pode ter um lar quentinho, sequinho, comidinha de boa qualidade, veterinário quando precisa, amor, carinho, companhia. Senão é um pobre ser indefeso sendo massacrado pela natureza, pela chuva, pelo ser humano cruel que o abandona, chuta, envenena e só quer se livrar dele. Eu sei que tem gente boa que cuida, resgata e espero que, no frigir dos ovos, tudo fique pelo menos equilibrado. Mas estou lutando para que o lado do bem, do gatinho com lar e cuidados, vença. Que não haja mais gatinhos sem teto por aí, para não precisarem morrer sofrendo com a bexiga obstruída, com dor e sem socorro, ou numa anestesia que possa ser evitada, ou chutados, atropelados, massacrados a pauladas, envenenados, enfim, abandonados a mercê do destino. Porque eles não pediram pra nascer ali. Não pediram pra nascer at all. Cada gatinho castrado ou não, das minhas colônias, significa pra mim, exatamente o mesmo que o Romeu, Nicolau e Cachaça e, não é porque moram na rua que eu me importo menos com eles. 

Ainda não é Natal, mas eu quero que neste ano, o Papai Noel nos traga de presente discernimento para pessoas e ONGs, para que realmente se comportem como pessoas que amam seus animais e procurem o seu bem-estar. Para que somente pessoas conscientes adotem animais.

Porque não adianta pedir que Papai do Céu ajude os anjinhos. Ele já tem muito o que fazer cuidando da humanidade cada vez mais cruel, que não liga nem para seu irmão semelhante, que gasta seu tempo inventando uma maneira de ser feliz às custas do outro. O universo em que vivemos está, também, sob nossa responsabilidade e é nosso dever zelar pela vida e bem-estar do outro, mesmo que ele tenha bigodes e mie. Ou principalmente deles, que não indefesos.

Faço C.E.D. porque acredito que a castração é a única maneira realmente eficaz de impedir que o abandono se perpetue. Mas acredito também na educação do ser humano, principalmente os jovens e crianças. 

Quero dedicar este post aos meus falecidinhos, que viveram muito menos do que os 20 anos programados por Deus, devido à irresponsabilidade de todo mundo que não cuidou para que fosse diferente: o frajola irmão da Léa, que morreu atropelado aos seis meses de idade; a Mãe de Todos, que morreu envenenada antes de ser castrada; o Romeuzinho, Kaká, Mini e os outros seis da mesma colônia, que eu nem cheguei a castrar, que também foram envenenados numa ação de revolta e briga entre humanos imbecis; a Mami, tão linda, também envenenada por um empresário babaca da cidade; a Filhota, que morreu atropelada aos quatro meses de idade, uma semana depois da castração; ao terceiro filhote da Filha Dela, doentinho, que morreu embaixo da casa e ao Charles Chaplin, o cardiopata lindo que não teve chance de socorro. Sinto muito por todos vocês, para quem já é tarde demais, mesmo com muita gente lutando. 

Grande abraço a todos.

Maria Cecília



terça-feira, 21 de maio de 2013

É da conta de quem?


foto: www.desenhadinho.com

Um amigo compartilhou a foto de um recibo meu no facebook e uma pessoa comentou : "raridade isso". Fiquei um pouco chocada, preciso dizer. Não deveria ser a exceção prestar contas, e sim a regra.
Quando eu doo dinheiro para alguma causa, gosto de saber se ele, tão suado e escasso foi usado da maneira prometida. Pra mim, é óbvio que tenha que ter prestação de conta se o dinheiro não é (só) meu. A partir do momento que alguém confiou em mim, preciso mostrar que sou digna de confiança. E não aceito a resposta de que "só porque fulano doou acha que tem o direito de me pedir prestação de contas". Bom, na minha opinião, fulano tem todo o direito.

Tem gente e ONG por aí que usa foto de bicho estropiado ou história de animais carentes, maltratados pra fazer dinheiro. E, muitas vezes, nunca mais se tem notícias do animal, ainda outras vezes o animal sara, fica bom, ou morre e ninguém fica nem sabendo, os posts continuam a circular por aí. Abusar da boa vontade alheia é uma coisa muito feia. É só entrar no Facebook pra ver quantos protetores independentes há, com zilhões de animais sob sua tutela e responsabilidade, chorando e implorando por ajuda - e ganhando. Já reparou que tem gente que lá no perfil, na profissão, põe "protetor de animais"? E ser protetor é profissão desde quando? Não era pra ser desinteressadamente? Não entendi...

Claro que tem gente do bem que se dedica à causa, que custeia do próprio bolso, que já é aposentado, por exemplo e só faz isso da vida, porque gosta, ama, quer e pode pagar quando ninguém doa. Claro que tem protetor sério que vive para isso e de doação e REALMENTE destina a verba para os animais. Seja um. Sejam 250.  Porém, se ganhou de outros para o animal, tem que usar para o animal.  

250 animais num mesmo local é complicado. O risco de alguns saírem prejudicados é altíssimo, principalmente quando o protetor (acumulador? colecionador?) é um só e continua resgatando. Eu sou contra abrigo, mas esse não é meu tema aqui.  Aqui em Blumenau tem, inclusive, uma moça que vive para 240 cães, paga tudo, não pede nada e eles vivem em ótimo estado. Mas isso é um em um milhão. Tem que ter condições financeiras e disposição. Só que se o dinheiro é dela e ninguém doa, não tem que dar satisfação.

Quem tem protetores entre seus amigos de Facebook e curte páginas voltadas aos animais acaba sendo informado de algumas ações, mesmo que não queira, pois as atualizações são automáticas. E eu, pessoalmente, sempre vejo pedidos de ajuda. Raramente vejo os recibos. 


foto: www.tumblr.com


Talvez o brasileiro não se importe com o que fazem com o dinheiro dele. Será?? Eu devo estar louca em pensar nisso, num país onde bebês de um ano morrem por falta de diagnóstico, pessoas morrem em macas de hospital por falta de leitos e médicos, alunos assistem aulas em salas, sob seus guarda-chuvas, por falta de estrutura. O importante, afinal é ser hexacampeão mundial de futebol e saber onde está o Russo. Só que não.

Eu falo da causa animal porque sou da causa animal, mas tem em todos os setores a tal da roubalheira: na causa infantil, na causa dos idosos, na causa ambiental, indígena, de orientação sexual, de raça e descendência - tem gente desonesta de todo tamanho, cor e sexo. E não precisa nem ir até Brasília. Você pede nota fiscal de tudo que compra? Porque se você não pede satisfação, ninguém se vê na obrigação de dá-la.  E aí, fica fácil para os desonestos, passar a perna nos crédulos.

O que quero dizer, pra encerrar, é que faço questão de postar meus recibos, mesmo quando o dinheiro é meu - porque é meu, mas foi de alguém que comprou meu livro ou uma camiseta e, quando ofereço, digo que vou utilizar para castrar gatos de rua. Quando recebo doação, além de agradecer por mensagem inbox, aviso a pessoa qual gato ela pagou e marco na foto do gato e do recibo. Cada castração custa R$ 100,00 só pra avisar, caso alguém ainda não saiba. E, ultimamente, muita gente tem nos chamado pra castrar gatos em suas ruas. Tudo devidamente documentado.

No próximo dia 25.5.2013 das 8h às 13h30 vamos participar de um pedágio nos semáforos (ou sinaleiras, como dizem por aqui) de Blumenau, juntamente com a ADAB (Associação dos Defensores de Animais de Blumenau), a Hachi Ong, a Focinho Feliz e a Diretoria do Bem Estar Animal. Do total arrecadado vamos tirar o suficiente para pagar as eventuais despesas com divulgação e lanche e o restante será dividido igualmente entre as ONGs participantes. Faço questão de postar depois quanto recebemos e o que pretendo fazer com o dinheiro. Aproveito pra convidar todo mundo a dar uma voltinha de carro pelos cruzamentos de Blumenau e fazer sua colaboração, cada uma de nós ONGs e Associações precisa de verba para seus objetivos individuais. E todo mundo vai contar depois quanto veio e para onde vai.

foto: www.eutambemreclamo.blogspot.com


Se alguém quiser ser voluntário, pode também. Entre em contato com a ADAB: adabbnu@gmail.com. Agradecemos de coração.

Obrigada a todos pela confiança, espero sempre poder corresponder àquilo a que me comprometi. Pois, se um dia não puder mais fazer conforme meus valores morais, vou parar. 

foto: www.kdimages.com


Grande abraço, Deus os abençoe.

Maria Cecília Quideroli

domingo, 5 de maio de 2013

O primeiro ano de vida

copiei esta imagem da Internet: babyvelvet.blogspot.com 

Em maio de 2013 a Operação Gato de Rua está fazendo aniversário. Comemoramos nosso primeiro ano de vida.

Fico muito feliz em ter continuado com um projeto que começou meio que sem querer, no impulso. No começo não tinha muita noção, cometi erros crassos. Mas aí a Greise me enviou um link de como usar a gatoeira corretamente e minha vida mudou. Conheci - pelo menos ciberneticamente - a Otávia de São Luiz, do Projeto Felinos Urbanos e vi que sim, é possível. Obrigada às duas por todas as indicações e ajuda.

Nesse ano de dedicação aos gatos de rua de Blumenau conseguimos:

- castrar 78 gatos (por enquanto) - o que significa: 936 gatos que não nascerão, não serão abandonados e não sofrerão nas ruas. (considerando que um casal de gatos gera, por ano, no mínimo 12 gatinhos - e que cada um dos nossos gatinhos é metade de um casal) - em dez anos serão já hoje - 6.271.177.240  gatos sofredores a menos nas ruas - se meus dotes matemáticos não estiverem me enganando. 

 Inge - gatinha nr. 36


Gatinhas Beijinho e Brigadeiro - nrs. 77 e 78

- conhecer muita gente legal pelo Brasil que se identifica com a causa e nos ajuda sendo com doação de ração, de dinheiro, comprando livro ou camiseta, dando apoio moral, opinião, compartilhando meus posts, lendo e comentando meu blog, pagando castração por conta própria na sua rua ou nas redondezas ou de qualquer outra maneira. Não vou colocar nomes porque sei que vou esquecer pessoas e não quero ser injusta. Quem me ajudou sabe e é pra todo mundo meu abraço de muito obrigada.


Imagem: davidaaoamor.blogspot.com

- convencer 4 pessoas (por enquanto) da importância de se manter o próprio gato castrado dento de casa, com tela de proteção. Um dos meus temas preferidos, gente. Sério :)


Athur, o gato da Otávia dos Felinos Urbanos, em segurança dentro de casa. Imagem: amoremiados.blogspot.com


- conhecer o ser humano malvado que abandona gatinhos (encontramos 6 gatos abandonado mansos que foram doados), envenena gatinhos ( foram envenenados o Kaká, o Romeuzinho e a Mini Mamãe - já castrados e ainda sem castrar a Mãezinha e dois irmãos do Kaká, além de um filhote da Mãe Preta - todos numa colônia, além da gatinha Mãe de Todos, não castrada e uma de suas ninhadas, assim como uma gatinha preta sem castrar da mesma colônia), ameaça envenenar gatinhos ( vide colônia do León, Pascoal, Maizena, Mutti, Clarinha, Arthur, Ingo e Meia-Noite ), dá pauladas em gatinhos ( Vitória e Tereza ).


Fofolete - gata nr. 61 - abandonada pelos donos, foi doada para um família carinhosa


Kaká - gatinho nr. 39 - covardemente assassinado com veneno, juntamente com seus irmãos e outros gatinhos da colônia



Vitória - gatinha nr. 40 - agredida por um vizinho covarde - teve todos os seus filhotes mortos a paulada.


Pascoal e León - gatinhos nr. 71 e 66 - ameaçados de envenenamento - tentei sociabilização, sem sucesso

- aprender ( será ? ) que gato arisco não pode ser doado, nem quando é filhote ( vide Léa, León, Maizena, Pascoal )

- amar a todos os gatos, incondicionalmente e chorar quando eles morrem por motivos além de nossas forças, como o Frajola irmão da Léa e a Filhota, que foram atropelados, além de um dos filhotes da Filha Dela - de causas naturais.


Filhota - gatinha nr. 59 - atropelada uma semana após a castração 


- chegar à conclusão que existem gatos com alma de bagre que nos dão bailes e são muito mais espertos do que pensamos, principalmente quando são fêmeas de pelagem tipo Frajola: Mega-Sena, Nove e Quinze, Filha Dela, Lisinha - que não perdem por esperar e Bagre, Mami, Mãezinha Tricolor, Subterrâneo - já capturados e castrados, graças a Deus.

Mami - da turma da Gundi - uma das maiores bagres, hoje, devidamente castrada

- saber a importância de se ter uma drop trap trambolhuda e uma lata de sardinhas


drop trap - o trambolho que me faz mais feliz que um par de sapatos novos ou joias caras

Também aprendemos que a honestidade, a transparência, geram confiança e colaboração.

Aprendi que preciso, URGENTEMENTE, aprender a usar o photoshop pra fazer posts bonitinhos para o blog e a página.

Foi um ano de muitos domingos não aproveitados com lazer, algumas vezes vontade de desistir. Muito cansaço físico, mental e emocional. Muita realização, muita alegria, muitas lágrimas.

Para os próximos anos temos programados:

- nosso primeiro pedágio nos semáforos de Blumenau
- nosso I Encontro Nacional de C.E.D - com muitos grupos lindos de C.E.D. do Brasil. 
- um evento voltado exclusivamente para gatos e gateiros



Muito obrigada a todo mundo que nos apoia, que acredita em nós, que nos divulga e ajuda financeiramente. Obrigada aos meus leitores que, consciente ou inconscientemente nos ajudaram a realizar nosso trabalho.

Espero não desistir, poder continuar levando esperança de uma nova vida a milhões de gatinhos por aí. 

Continuem colaborando conosco. Precisamos muito de seu apoio.

Deus abençoe a todos vocês.

Grande abraço,

Maria Cecília e Fábio Quideroli 





quinta-feira, 4 de abril de 2013

D de Devolução ou D de Doação? - Eis a difícil questão

C.E.D, como vocês já sabem, significa: Captura, Esterilização e Devolução - de gatos (no meu caso) de rua. Ou seja, nós vamos lá, armamos a gatoeira, CAPTURAMOS, levamos ao veterinário, eles são ESTERILIZADOS, buscamos, alimentamos em casa e, no dia seguinte DEVOLVEMOS ao local de onde foram retirados. Rápido ( às vezes nem tanto ), fácil e muito eficaz.

Mas por que cargas d'água devolver e não doar??

Por exemplo, porque:

1) - não tem lar para todos os gatos que estão perambulando por aí. Ou que nascem por aí, sem teto, sem dono.
Infelizmente, preciso voltar sempre na questão do gato, muitas vezes não castrado, que tem acesso às ruas. Esse cara (citado aqui no singular, mas em plural muito numeroso na vida real) é o responsável pelo nascimento de muitos outros animais. Porque há muitas fêmeas nas ruas, que já são frutos desses nascimentos sem lar, ou que também têm donos e acesso às ruas, inclusive na época do cio. E, claro, eles vão atender ao chamado da natureza, vão acasalar, vão emprenhar e, consequentemente, ter as crias. Que vão nascer - nas ruas ou nas casas dos donos para serem doadas depois, sem castrar, ter acesso às ruas, acasalar, emprenhar, dar crias, que vão nascer nas ruas ou nas casas, ser doadas sem castrar, sair às ruas...chega, né? Já nasceu gato demais nessas últimas duas linhas. Transforme minhas palavras em animais vivos e temos aí nossa triste realidade.
Não, essa foto não é fofa. Pense nesse monte de vidinhas passando frio e fome, dor e abandono nas ruas

É muito fácil doar um bichinho quando você o faz sem muita consciência e entrega para o primeiro que aparece interessado. Porém, quem lida com resgate e doação RESPONSÁVEL de animais de rua sabe a dificuldade que é encontrar um lar adequado para um gatinho.

Lar adequado, no meu entender, é um lugar onde o animal não tenha acesso livre às ruas. Um apartamento telado - imagine você que pessoas moram no sexto, sétimo, décimo andar, têm gatos e não telam as janelas, por algum motivo que eu não consigo entender. Mesmo quem mora no primeiro andar, no térreo, tem que telar. Se for uma casa com quintal e o gato puder ter acesso ao quintal, ótimo. Então vai lá e tela o seu quintal, dá certíssimo, seu bichinho tem liberdade e segurança.
Só que não é assim e, por isso, quem tem animal pra doar, às vezes precisa esperar um tempão, o filhote fica adulto - e aí já é um outro problema - e não vai embora, porque o doador responsável não acredita na segurança dos animais. Aqui em Blumenau, quando pergunto se o gato vai ter acesso às ruas, tem gente que me olha como se eu tivesse dito que vou matar a mãe dele. É bem difícil. 

Meu gatinho Romeu, resgatado, adotado e castrado - tomando sol com segurança na sacada de casa

E, cuidar de um animal em lar temporário que está para doação é igual a cuidar do seu próprio: requer espaço, tempo, disponibilidade e dinheiro. Porque tem que vacinar, tem que castrar antes de doar, tem que vermifugar e tem que alimentar o bichinho. Isso, considerando que ele não fique doente enquanto estiver sob seus cuidados, porque, se ficar, tem que tratar. Espaço, tempo, disponibilidade e dinheiro.

Além da questão de segurança, os preconceitos: animal adulto, animal preto, animal mesclado, animal com "defeito", fêmea, macho, sem raça - todos eles com mínimas chances.

Por experiência própria digo: não tem lar bom pra todo mundo e o resultado?

Este, porém multiplicado pelo número de gatos nascidos e/ou colocados nas ruas. Foto tirada da internet 


2) muitas vezes os gatinhos não querem o sofá

Quem realmente se importa com o bem-estar dos animais gostaria de tirar todo mundo das ruas, certo? Pois é, eu também sou assim. 

Então vejo muita gente me chamando pra capturar filhotinhos de gatos que nascem nos terrenos baldios, nas ruas de Blumenau. E sempre dizem que querem capturar para doar, mas os animais são muito ariscos. Quando ouço/leio isso começo minha ladainha, que é a seguinte:
Gato arisco não é igual ao gato de sofá. O gatinho que corre DE VOCÊ quando te vê, provavelmente não vai se adaptar a uma vida de sofá, sombra e água fresca, se a vida em questão incluir contato constante com humanos.

Bem diferente do gatinho que corre PARA VOCÊ quando sua pessoa aparece. Esse sim, quer seu carinho e seu colo e, se cruzou o seu caminho, leve pra casa. Dê um banho, comida, uma consulta ao veterinário, vermífugo, castração e lar, se não definitivo, pelo menos temporário e doe, com responsabilidade.

Porém o D - do C.E.D. - trata mais dos primeiros, dos que correm de você e se escondem quando te veem. Eles são ariscos porque, muitas vezes, não têm muito contato com humanos, têm medo do desconhecido. Às vezes já desde muito pequenininhos são medrosos e isso depende muito do temperamento da mãe. Se é uma gatinha de rua, assustadinha e medrosa, eles serão também. E, acredite em mim, esses gatinhos não te amam, eles querem mais é te ver pelas costas. Aceitariam o alimento e a água sim, obrigada. Mas não querem seus afagos, seu sofá, sua voz, e muito menos sua companhia.

Por isso o C.E.D. devolve - porque não é justo você aprisionar um ser que te abomina, numa vida que não é a dele. Pois, se esses gatos - principalmente se já são adultos - são forçados ao convívio com o humano, podem viver uma vida de constante stress, o que não é saudável pra ninguém, nem para gatos.

Nesses casos, a solução é simples: castre e devolva. Isso todo mundo pode fazer.


Uma vez eu falei pra minha veterinária - uma pessoa muito consciente do problema de super população de animais de rua - que tinha um monte de gatos onde eu trabalhava, mas que eram ariscos e eu não poderia doar. E ela, linda, me disse, "vamos castrar e devolver lá". Isso, minha gente, muito, mas muito tempo antes de eu ouvir dizer que existia C.E.D. Até que um dia apareceu uma das gatinhas, a Mami Tricolor - meu gato nr. 3- com filhotinhos - um deles era a Léa - eu me apavorei com o que aquilo poderia se tornar se todas as fêmeas começassem a ter filhotinhos e tudo começou.

Nunca tive dificuldades emocionais em devolver os gatos ao local deles. Nunca. Nunca. Nunca. Pelo contrário, sempre senti alívio em saber que daqueles matos não sairiam mais gatinhos. Mesmo quando são os filhotinhos, daqueles que desaparecem quando nos olham, não tenho problemas. Pego, castro e devolvo na boa. Até forcei a alimentadora de uma das minhas colônias a ficar com os três que nasceram embaixo da casa dela, fiz terror e ela os deixou - arisquíssimos que são - por ali mesmo. Aliás, a gatinha Filha Dela, mãe deles, da minha turma de gatos-bagres com phd, é a última de um total de 13- que falta castrar lá.

Tica ( na frente ) e Teca (ao fundo) - bebês que nasceram debaixo da casa, castradas, devolvidas em fevereiro de 2013


Tem exceções? Sim, claro, como todas as boas regras da vida. 

Nós mesmos já capturamos alguns que achamos doáveis. Também queremos dar uma chance a quem pode ter uma. Tem a famosa Léa - uma tentativa mais ou menos fracassada de doação, tem o Frajola que, no fim, parece ter se adaptado ao novo lar - esses dois, filhotes -  e tem a Fofolete, adulta, a gata mais doce que eu vi na vida, com um bigodão branco maravilhoso, capturada por engano, na verdade, pois não era de rua, era de um dono babaca que, no fim das contas não a quis de volta.
Frajola - doado e, até o momento, no novo lar


Fofolete maravilhosa com seu focinho preto e bigode branco - capturada, castrada, rejeitada e, por fim adotada com muito amor




Tudo ia bem no coração da Operação, até que...

... na nossa última captura apareceram três (talvez quatro, ainda não sei) filhotes lindos, mais ou menos ariscos, novinhos, em situação de risco de envenenamento e passando fome. E aí começou o meu calvário interior, no qual me encontro ainda. Balancei feio e ainda estou balançando. Tanto que não os devolvi, estão na clínica, se recuperando fisicamente do estado de inanição e tentando ser amansados um pouquinho. Na verdade, não sei se vou doar, só se perceber total segurança por parte dos adotantes, senão, vão engordar, voltar para o local de origem e pessoas fofas e queridas vão me ajudar a comprar ração para eles, porque o senhor que os alimenta quase não tem comida nem para ele próprio.

Devolver os animais, tão novinhos, a um local onde vão passar fome, com muita probabilidade de serem envenenados assim que conseguirem pular o muro vai contra todos os meus princípios vitais e morais. E esses princípios são mais fortes que meus princípios de prática de C.E.D. - que eu realmente amo. Mas o conflito pelo medo de não conseguir um lar adequado para eles e acabar prejudicando as "crianças" me tira o sono e me mata de gastrite. Ainda não está decidido. Talvez eu esteja escrevendo este tema hoje para poder ver a situação de outro ângulo tomar uma decisão acertada. Visto de fora, pode ser que a luz brilhe no fim do túnel da minha gatoeira.

Opções ideais seriam:

1) poder devolver a um outro lugar onde não precisassem conviver com humanos se não quisessem, mas pudessem comer todo dia - como os gatos das minhas outras colônias. Infelizmente não dá, porque se eu os colocasse na região de uma das colônias que tem bastante mato, colocaria uma carga muito pesada nas costas da senhora que tira da própria mesa pra alimentar trinta gatos de Blumenau, sem muita ajuda. Seria muito injusto com ela, então não dá.

2) encontrar mais uma Carolinne ou mais uma Dani.
A Carolinne se comoveu com três gatinhos que moravam num galpão ( Neguinha, Romeu e Dalí ) e eram alimentados pela Dona Léo (Eu louvo a Deus pelas pessoas que alimentam animais de rua). Pediu ajuda, fomos lá e eu tentei demovê-la da ideia de ficar com eles, por todos os motivos que já citei acima e nos quais acredito piamente. Ela bateu o pé, pelo medo de devolver ao galpão na rua movimentada onde a mamãe gata morreu atropelada. Pagou as castrações, levou pra casa e tentou amansar, ficou com dó porque eles sofreram, claro e encontrou uma solução, porque ela tem um espaço em casa com mata natural, pode dar comida pra eles vê-los todos os dias, eles vão pro mato, ficam felizes, seguros e voltam à noite pra jantar. 

Neguinha, Dalí e Romeu - ainda embaixo da cômoda da Carolinne - antes de terem acesso ao mato

A Dani foi a pessoa pra quem doei a Léa. Uma pessoa querida que ama gatos, ficou duas semanas com a gatinha (que não comeu nem bebeu por três dias e eu não dormi por três noites), mas teve que se despedir, porque D. Lelé foi pro mato que também tem no fundo da casa (o que me fez escolher a casa dela para doação), depois para o telhado do vizinho. Está por ali, feliz, mas meu coração sangra em saber que está de volta às ruas a gatinha que tanto amo, que ficou no meu quarto de visita por sete meses, me amou também, mas tive que doar devido ao medo de devolver ao local de origem - onde mora a mãe - porque o irmão morreu atropelado lá e eu não ia aguentar vê-la transformada em um tapetinho. De vez em quando temos notícias dela, só espero que viva bastante tempo. E eu sempre choro quando penso nela, como agora.

Minha Lelé, meu amor - sempre escondidinha - me olhando com seus olhos amarelos

No geral, eu prefiro o D de devolução quando o assunto é gato arisco. Sem sombra de dúvida, pra não submeter o animal à convivência obrigatória com humanos indesejáveis. Gosto de saber que serão felizes ali se puderem ter o mínimo necessário para sua sobrevivência nas ruas.

O que não parece ser o caso dos meus três (ou quatro?)

Clarinha


Maizena e León

E aí: Maizena, Clarinha e León, o que vai ser: Devolver ou Doar?

Abraços,

Maria Cecília

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sexta-feira, 8 de março de 2013

Prestação de contas atualizada 8.3.2013

Pessoas queridas,

Desculpem-me por não postar mais os recibos por aqui. Acabei ficando com as prestações no Facebook e deixei o blog de lado, mas por puro esquecimento. Essas coisas acontecem quando se passa um pouco dos vinte anos e se tem bastante coisa pra fazer na vida.

Então abaixo estão todos os recibos que tenho, mesmo repetidos, ok?

Quero, mais uma vez, agradecer a quem me apoia, me ajuda, colabora, seja de que maneira for.

E aproveito para desejar um feliz dia para todas as mulheres da minha vida e, em especial, para minhas filhas Cachaça, Batuta, Nikita e a filha hóspede até amanhã Boneca.



















Frajola - um resgatadinho que está para adoção responsável
Beijos a todos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Telas? Tê-las!

Era uma vez uma gatinha, que foi encontrada numa casa abandonada. Veio correndo até a minha perna, ficou se esfregando e pronto, foi parar na minha casa. Meu primeiro resgate em Blumenau. Depois de alguns dias, já consegui uma adotante para ela, porém, como era fim de ano e a pessoa viajaria, a gatinha ficou em casa, sem nome, por quase dois meses. Acho que nunca vi um filhote tão espevitado. Ela subia em tudo, brincava com tudo e com meus dois gatos. Inclusive com Nicolau, que é meio ranzinza com gatos bebês. Um dos passatempos preferidos dessa gatinha era brincar de globo da morte ( já viram no circo? ) no escritório. Ela corria pelas paredes, estante, mesa, chão - na vertical - e, claro no meio da noite, a noite toda. Foi mais bagunceira que o Romeu e, juntando-se a ele, transformou minha casa num caos. Mas eu não ligava, já estava vacinada e achava fofa.
Quando a família voltou das férias, levou a fofa embora. Claro que eu chorei, porque sempre me apego e amo esses pequeninos. Mas sabia que não daria pra ficar. Então ela se foi. Conversei muito com o casal sobre não deixá-la ter acesso às ruas, telas na janela, segurança, etc. 
As pessoas têm infelizmente, muita dificuldade em mudar seu padrão de comportamento. Tudo que implica reorganização de rotina - ou de mentalidade - incomoda e muitas vezes é deixado de lado. Essa família não foi diferente, achavam que gato tem que ir pra rua, passear e não teria problema, porque moravam no primeiro andar e era baixo. 
A gatinha foi batizada de Fiona* (mudei o nome para preservar a identidade da pessoa). Sempre eu via fotos dela, soube que destruiu uma cortina nova - lógico, afinal pra que servem cortinas senão para serem escaladas com garras afiadas? - mas era muito amada. Tinha uma vida muito boa.
Três anos após isso, a pessoa me procura, querendo adotar outro gatinho, porque a Fiona tinha sumido. Eles se mudaram de casa e, mesmo apresentando a gatinha pessoalmente para todos os vizinhos - porque ela continuou tendo acesso às ruas - um dia ela saiu e não voltou. Souberam que um dos vizinhos odiava (ou ainda odeia) gatos. E sobrou para a pobre da Fiona, linda, fofa, que, em sua liberdade e inocência, invadiu, provavelmente o espaço do ser humano macabro.
A dona da Fiona me pediu um outro gatinho. Disse que só daria se ela telasse a casa primeiro e ela disse que vai fazer isso, sem sombra de dúvida, pois, nunca mais vai deixar gato ir pra rua, chora até hoje. Valeu a lição. Infelizmente custou a vida de um animalzinho inocente.


"Fiona" - quando ainda era um tiquinho de gata bagunceira e morava conosco, antes de ser doada.

Era uma outra vez um Gato lindo. Viveu por aí por um tempo, chegou à adolescência e foi resgatado. Teve seu destino mudado numa feira de adoção. Tinha já quase um ano quando conheceu a família que o levou pra casa e se apaixonou por ele. Tinha fotos no Facebook, vida boa, já era castrado, recebia amor - inclusive de três crianças, dormia com seu melhor amigo, que lia histórias do Resgato Maloqueiro para ele.
Era muito amado, muito. 
No apartamento onde morava tinha grades, mas não tinha tela nas janelas. E um dia o Gato viu que poderia passear pelas ruas de Blumenau. Foi, claro. E não voltou. Família desesperada, crianças tristes, passando por uma perda dolorosa. Alguns dias depois, Gato voltou pra casa, porque, afinal era bom morar ali, com comida, amor, conforto. E ficou um tempo, até que resolveu ir pra rua de novo, porque, mesmo depois da experiência da primeira fuga, as janelas continuavam abertas, dando acesso às aventuras e perigos exteriores.
Só que desta vez o Gato não voltou. Já há dois meses o lugarzinho dele está vazio na cama ao lado do menino, que chora e sente saudades do amigo ronronento. A família toda sente sua falta. Suas coisas foram doadas para animais carentes, perderam as esperanças. 
A dona do Gato me procurou, pedindo um outro gatinho, que, claro, de mim não recebeu.
Não sei dizer o que aconteceu com o Gato e só espero que ele esteja vivo, bem, que tenha sido resgatado por alguma família que vá amá-lo e cuidar dele. Pena que tenha tido esse destino, pois é (era?? ) um gato jovem, de, no máximo, dois anos. 

Foto ilustrativa do Gato

Era, ainda mais uma vez, uma gateira, que tinha três gatinhas, todas adotadas. Viviam juntas numa casa, com amor, carinho, diversão, saúde, alimentação e conforto à vontade. Todas muito amadas, jovens e lindas.
Não preciso dizer que as janelas da casa não têm telas, pois, se tivessem, não estariam aqui neste post. Então um dia, esta pessoa me procura, pedindo um outro gatinho, porque uma das bonitinhas tinha morrido. Atropelada.
Uma gatinha jovem, com bons 15 anos de vida pela frente, se tivesse ficado dentro de casa.
Desculpe-me, eu não doo gatinhos para pessoas com históricos de gatos jovens que morreram  - ou sumiram - das maneiras acima mencionadas.

Mais uma vez? Bom, então lá vai: uma gatinha branquinha e linda, resgatada das ruas, morando na casa de uma outra gateira, com outros dois gatinhos.
Resolveu escalar as janelas do apartamento, pois era gatinha e gatinhos gostam de subir em janelas. Então ela subiu, mas, claro, não tinha proteção, mesmo sendo no 10° andar e morarem mais dois gatos na casa. E, claro, ela caiu. Do 10° andar. Milagrosamente não morreu na hora, ainda foi para o veterinário, passou por exames, cirurgias, sofreu por duas semanas, até que não aguentou, porque era muito jovem, muito pequenina. E morreu. Não caiu em pé. Não tinha mais seis vidas. Morreu, porque gatos se desequilibram e caem. Ela se desequilibrou. E caiu. 
Depois do trauma, a família resolveu telar as janelas. Graças a Deus. Mas precisaram, também, passar pelo sofrimento de perder um animalzinho amado. E a pobre gatinha, mais uma, pagou com sua vida pela dificuldade que as pessoas têm, em entender que lugar de gato é dentro de casa, sem acesso aos perigos do lado de fora.

Foto ilustrativa da gatinha branca

E tem ainda aquela que deixava o gatinho de um ano sair e ele caiu na boca do cachorro do vizinho. Bem cruel a morte, né? Imagine seu bebezinho lindo sendo rasgado por dentes afiados de um cachorrão enfurecido. O desespero. A dor. Ainda bem que acaba logo. Você já viu um (ou mais) cachorro matar um gato? Não queira. É de cortar o coração.

Um dos argumentos para não se telarem as janelas - e acho que é o pior de todos - é que gato precisa de liberdade, PRECISA sair, NÃO DÁ pra segurar o gato dentro de casa. Não dá mesmo. Se você não quiser.

Um gato é programado (por Deus, seu criador) para viver, aproximadamente 20 anos. Claro que precisa ter alimentação de qualidade, cuidados veterinários,etc. Mas, principalmente, precisa ter segurança. Um gato com acesso às ruas, vive, em média CINCO anos - quinze a menos do que o programa inicial.
Além disso, os humanos que, mesmo deixando o gato passear amam seus bichanos, perdem noites de sono, sofrem a ausência, choram, ficam de luto, fazem seus filhos e toda sua família passar por sofrimentos que poderiam ser evitados. Por quê? A vida já não tem dificuldades demais? Não entendo porque não eliminar uma.

Outro argumento é o preço. Até entendo, é realmente uma dificuldade, principalmente para quem tem pouca disponibilidade financeira. Não sei quanto custa colocar telas de nylon. Mas sei que QUALQUER COMERCIANTE do Brasil parcela pagamento, dá desconto, facilita, porque quer vender. E, por experiência própria, sei que é possível proteger a casa toda com tela de galinheiro - bem mais barata - um grampeador horas livres e boa vontade. Fábio, meu marido, telou sozinho nossa casa inteira antes de nos mudarmos. Veja:
Romeu - o Resgato Maloqueiro, tomando sol, folgado, na sacada.

Nicolau na janela do escritório - ele adora ficar nas janelas

 O gato mais lindo do mundo - seguro, curtindo momentos de ar livre

Nicolau Pancinha - querendo ir para a garagem, mas não pode, tem TELAS.

Meus gatos são felizes, preciso dizer. Ninguém é frustrado por não poder sair, disso tenho certeza.
Há pouco tempo soube de duas pessoas que foram "convertidas" pela minha ladainha. Uma, que deu lar temporário para um gatinho que resgatei e ele fugiu pela janela da lavação na segunda noite, vai telar para ter um gato. E outro que telou o quintal, sim, quintal, parte externa de casa. Eu não fiz isso, porque lá no meu quintal vivem meus quatro cães, que não gostam dos gatos - mais um perigo iminente para os bichanos.
Fotos do quintal telado:




Pra terminar, porque ficou longo. É possível ter gatos felizes que não tenham acesso às ruas, aos cães, aos carros, aos envenenamentos, aos mau-tratos, aos chutes, enfim aos seres humanos perigosos. É necessário zelar pela segurança do seu animal, pois ele está sob sua responsabilidade. Durante toda a vida dele ou a sua e ninguém te obrigou a ter um animal. É possível telar todas as janelas (inclusive basculantes de banheiros) com tela de galinheiro - ou a tela tradicional de nylon (tem que ser a tela de proteção para gatos, porque a de criança tem buracos maiores e eles passam por dentro).

Mantenha seus gatos, CASTRADOS, dentro de casa. Tele suas janelas. Por amor aos animais. Por amor à sua família.

Um abraço e bom final de semana.

Maria Cecília